quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aristóteles e a Internet

Há um bom tempo noto que meu uso da Internet não é dos melhores. Perco tempo lendo bobagens, no Twitter, em Orkut, no You Tube. Há poucos minutos quase eliminei meu perfil de seis anos do Orkut, mas como tenho amigos de tantos lugares do Brasil, em respeito a eles decidi deixar lá e eu sim, vou tomar vergonha na cara e usar melhor a Internet.

Eu já vinha pensando nisso há um bom tempo, tenho percebido que tenho dormido menos, tenho vivido demais no mundo virtual, essa coisa de acordar e ter que conferir o e-mail, as mensagens no Twitter, e assim, esquecido da minha vida de carne e osso.

Estou fazendo um curso de roteiro para séries de TV e a série que estamos desenvolvendo é extremamente complexa, sobre a imortalidade. Através desse tema, tenho pensado demais nas possibilidades da vida, da morte, de como tudo é fugaz e rápido. E nessa rapidez, quando vemos, navegamos, navegamos pelos mares da rede, sem filtro, sem noção.

E para complementar, a capa e as matérias principais da Época dessa semana (31 de maio, Nº 628), fala exatamente no uso ou abandono de redes sociais tais como Facebook, Twitter, Orkut. No Facebook eu tinha uma dificuldade danada de entender aquele bicho, aí decidi sair, até mesmo antes da debandada em massa prometida para o dia 31/05. O Linkedin é bacana por ser um portal profissional. O Twitter eu tenho que aprender a me controlar e ser menos chata, mas curto pela quantidade de links e informações transmitidas. Já o Orkut, cada vez mais vejo o quanto ele só serve para encontrar pessoas que você não vê há tempos. Ainda mais agora, que me mudei para São Paulo. São amigos, conhecidos, parentes em tudo quanto é canto. Mas, confesso que tenho me irritado um pouco. Decidi não apagar mais os recados, assim não tenho que ficar abrindo todo instante para apagar. Deixa lá, vou tentar abrir rapidamente, ver os recados e sair. Nada de vasculhar a vida das pessoas, fotinhos, etc...

Tenho que fazer mais coisas reais, como ler, ver filmes, ir ao cinema, ir ao teatro, fazer aulas de música, escrever, me entregar mais a mim, mas de forma bacana, de aprendizado. Estou me desconstruindo e me reconstruindo. Essa mudança para São Paulo me fez rever muita coisa em mim. Não sei exatamente o que quero, só tenho certeza daquilo que não quero. Quer dizer, nem tanta certeza assim...

Esses pequenos momentos de crise são fantásticos, doloridos e tristes em alguns momentos, mas extremamente necessários para a emersão, para se descobrir, para renascer. Ando numa fase em que sinto isso, um profundo renascimento. Ando meio Clarice Lispector, sentindo, sentindo, observando, olhando pra dentro de mim, acima de tudo. Não está sendo fácil, mas afinal de contas, o que é fácil nessa vida???

Último parágrafo da matéria na Época - 31/05 - Nº628 - Paulo Nogueira

"Os próprios internautas vão fazendo seus ajustes, sem grande alarde. Algumas pessoas tomam a decisão extrema de abandonar redes sociais como o Facebook e o Twitter, mas os números sugerem que a decisão mais comum tem sido administrar melhor o tempo. Aristóteles disse que a virtude está no meio: nem avarento e nem pródigo, nem manso e nem colérico, nem eufórico e nem apático. A internet, se usada aristotelicamente, sem excesso, mas também sem carência, haverá ela mesma de enterrar os fantasmas e aparecerá com mais clareza como o que realmente é: um passo gigantesco na história da humanidade."

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