terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sem inspiração pra muita coisa

Exatamente assim que me sinto: sem inspiração pra muita coisa.

Já é terça-feira, mas como não dormi e estou com toda a referência da segunda, pra mim ainda é dia 25 de outubro. Na terça, 26, é aniversário da minha mãe, mas só sinto que a data vai ser real depois que acordar e ligar pra ela logo depois. Sinto falta de casa, dos meus pais, do meu irmão, dos meus cachorros. Sinto falta de algumas pessoas, mas em geral, basicamente só deles.

Essa segunda foi um dia estranho, difícil. Pra terminar definitivamente, tomei um baita banho de chuva e cheguei ensopada em casa. Aquele dia maldito em que tudo dá errado. Mas, enfim... segue-se.

Ando trabalhando demais, mas estou feliz por estar envolvida com arte, a coisa que mais curto. Ando pensando nas coisas que deixei pra trás e em como, às vezes, é bom deixar tantas coisas pra trás. Pessoas, sentimentos, objetos, roupas. Como é estranho seguir e deixar coisas que tiveram grande importância em nossas vidas, mas que sei lá porque, não tem mais sentido e a menor relação. Sabe quando você olha para trás e parece que estava sonhando? Que aquela vida não era a sua, a sua vida real?

Às vezes me acho extremamente insensível por não sentir falta de muitas pessoas, de amigos, de pessoas importantes que passaram por minha vida. Sinto saudades, mas ao mesmo tempo, se nunca mais encontrá-las, será indiferente. Minha vida segue. Não sei se é um ultra egoísmo, uma autoproteção ou porque aprendi a não esperar muito dos outros. Acho que vivo as coisas intensamente quando elas acontecem, depois, sei lá, parece que perde o sentido e o interesse.

É estranho quando você de repente se pega pensando em como amou profundamente uma pessoa que hoje é tão estranha para você. Assuntos banais, uma vida sem cor e a sensação de que você sabia que queria mais e que a vida pode oferecer mais. Engraçado como os discursos mudam, como as pessoas se acomodam, como as pessoas se contentam com pouco, com uma vidinha programada, sem riscos, sem graça. Engraçado como a gente se acomoda. Como a gente às vezes busca o caminho mais curto e tantas vezes bizarro. Como a gente tem medo de ficar sozinho.

Tenho prestado cada vez mais atenção e infelizmente percebo que ainda hoje, com a total liberdade que existe, no fundo, no fundo, grande parte dos relacionamentos só existem porque as pessoas morrem de medo de ficarem sozinhas. Eu também tenho medo disso, mas ao mesmo tempo, morro de medo de me acomodar, de deixar de sentir, de ficar com alguém para não ficar sozinha. Assim como tenho medo de não me envolver de verdade com ninguém por medo também. Ou pior, de fingir se envolver, o que é mais comum. Nesse mundo de faz de conta, ter alguém é quase um troféu.

Sou tão tranquila, mas dentro de mim meus sentimentos me pulsionam, me questionam todo o tempo. Só que será que a vidinha tranquila não é melhor? Será que a vida tem que ser uma montanha russa pra fazer sentido?

Metade de mim vê o mundo de forma serena, com pássaros e flores. Outra metade tem vontade de jogar os pensamentos e as palavras mais ácidas nas situações mais estranhas. Não sei não julgar. Tento, mas julgo o tempo todo. Na verdade, acho que todo mundo julga, especialmente, os outros.

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