quinta-feira, 10 de abril de 2014

Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain


Há 12 anos, numa quinta-feira, a última que O Fabuloso Destino de Amélie Poulain estaria em cartaz, eu corri para o cinema. Se não me engano era a última sessão. As 11 salas do Shopping de Canoas raramente exibiam filmes que não fossem blockbusters e a pouca procura fazia com que os filmes saíssem rapidamente de cartaz (infelizmente ainda funciona assim). Mas eu e outras cinco pessoas desconhecidas estávamos lá para uma das mais, se não a mais, experiência arrebatadora que eu já tive ao assistir um filme. Várias películas mudaram a minha vida, mas acho que Amélie foi diferente, foi aquela explosão de cores, aquela música, aqueles sentimentos, aquela personagem. Me identifiquei nos mínimos detalhes. A garota estranha e sozinha que ama platonicamente um cara que nem sabe quem é, mas imagina que ele é como ela e que de uma maneira torta quer fazer pequenas coisas que possam ajudar outras pessoas. Acho que o sucesso do filme é exatamente esse, quase um segredo mágico e compartilhado com quem se identifica. Acredito que felizmente são muitas pessoas. Obviamente há quem ache idiota, mas não confio nesses seres. Eles não tem coração. Quando o filme terminou, eu chorava compulsivamente, não de tristeza, mas porque era muito do que eu sentia, era o cinema falando por mim. E para minha maior felicidade, ouvi há dois dias o Jean-Pierre Jeunet falar que o grande tema de seus filmes e a sua grande questão particular é essencialmente a história de alguém tímido, introvertido, que no fundo só quer se livrar dessa introversão, quer se expressar e sair do casulo. Chorei de novo. Jeunet me salvou mais uma vez, como fez há 12 anos. Sim, eu sou uma idiota, mas Amélie é definitivamente especial. Ela não mudou só a vida dos personagens, mudou a minha também e acredito que a de muita gente.



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