sábado, 3 de maio de 2014

Vô Juvenal

Se meu avô estivesse vivo ele faria 95 anos hoje. Há três nos deixou. Pai do meu pai sempre foi uma das pessoas que eu mais amei na vida. Era engraçado, brincalhão, sabia fazer contas de cabeça como ninguém, tinha uma horta nos fundos de casa e aproveitava todas as cascas e o lixo orgânico. Foi até premiado com aquela hortinha. Agricultor desde sempre. Era simples, descendente de índios, nascido na fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, da família Batista Silveira, mas carregava só o sobrenome da mãe, Oliveira. Se apaixonou pela minha avó ainda na infância. A chamava de rabilonga por causa dos cabelos longos e da trança que usava. Não saia de casa sem seu bonézinho e depois a bengala. No fim da vida usava crocs por ser leve e confortável. Nunca aprendeu a dirigir, mas teve caminhões, uma Rural. Não deixou meu pai ser caminhoneiro. Achava que a profissão de torneiro mecânico seria mais promissora. Teve amantes, fez minha vó sofrer, interferiu na vida dos filhos. Teve um bom patrimônio e quase perdeu tudo. Guardou dinheiro, ajudou o que pode os filhos. Perdeu quase todos os irmãos e quando minha avó faleceu, sofreu demais. Só o nascimento do 18º neto trouxe um alívio de felicidade. Quatro filhos, 18 netos, incontáveis bisnetos e tataranetos. Me ensinou a jogar dominó, me ensinou tanta coisa. Não era perfeito, era taurino, não conheço ninguém mais taurino que ele. Cabeça dura, mas com um coração gigante. Vejo muito do meu avô no meu irmão. Tenho um orgulho imenso da família que tenho. Saudades, Vô e obrigada por tudo. 

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