sexta-feira, 17 de abril de 2009

O retorno

Voltar. Recomeçar. Verbos que eu uso tanto em minha vida. Faz praticamente dois anos que eu não escrevo neste blog. Muitas coisas aconteceram de lá para cá. Vou tentar resumir rapidamente...

O ano de 2007 foi fantástico para mim, produtivo, questionador. Comecei o ano com uma viagem ao Rio de Janeiro, cidade emblemática. Desde minha infância era um sonho conhecer a Xuxa e o Rio. Foi tão lindo ir no alto do Corcovado e ver o Cristo Redentor de perto. Se bem que a Xuxa eu não vi, só o Pedro Bial, quando fomos no paredão do BBB, mas isso é completamente dispensável.

O Rio é mágico, foram dias espetaculares. Conheci amigos de todo Brasil, pessoas que eu nunca vou esquecer e participamos, de quebra, do curso Geração Futura, oferecido por um dos canais mais bacanas e interessantes da TV brasileira. Foi um grande orgulho. Eu e meu amigo Paulo Henrique de Moura ficamos hospedados com outros seis amigos num apartamento no aterro do Flamengo, perto do Palácio do Catete, local onde Getúlio Vargas se matou. Era o BBF, com Lívio e Milena, do Piauí; Ricardo e Micheli do Rio Grande do Sul; e os paulistas Ricardo Schwartz e Marcos, além de mim e do Paulo, uma gaúcha e um paulista que representavam Santa Catarina.

Foram dias mágicos. Coisas fantásticas aconteceram. Desde refletir e aprender efetivamente coisas importantíssimas sobre jornalismo, comunicação, a responsabilidade na formação do olhar. Conheci um Rio que não imaginava. Vi obras de Aleijadinho, andei de ônibus, de metrô, fomos roubados por taxistas, pulei no Cordão do Bola Preta, em pleno Centro da cidade. Mergulhei na praia de Cobacabana, que tem uma água incrivelmente salgada e gelada (pelo menos no dia em que fui), além de uma areia grossa, diferente da que estou acostumada em SC. Achei o Rio incrivelmente decadente, em virtude de sua arquitetura. Pelo menos nos bairros que eu conheci mais de perto. Mas, o Rio é tão lindo. Não vi a cidade maluca que imaginava. Conheci tanta gente interessante. Fomos ao ensaio das escolas de samba na Sapucaí. Acho que valeu mais do que um desfile oficial. Conhecemos as pessoas que fazem a escola de samba. O povo. Os ambulantes geniais que de público passaram a empreendedores, pessoas batalhadoras e que amam o Carnaval. Eu que nunca gostei muito, entendi um pouco mais desta magia naqueles dias.

Mas, o ano de 2007 tinha apenas começado. Foi o ano mais produtivo que tive até hoje. Participei de dois documentários, um interprograma e fiz meu primeiro curta metragem onde assinei sozinha a direção e o roteiro. Foi o Procura-se uma banda! Um vídeo de quase 15 minutos, com uma história tosca, mas que, eu me orgulho. Acho que ele é ingênuo e despretencioso. Têm muitos problemas de roteiro, de som, mas foi muito legal de fazer. Escrevi meu primeiro livro na aula de Redação Jornalística 6. Baseado no livro A Sangue Frio, do Truman Capote. Ficou péssimo, nem meu professor leu inteiro. Disso eu tenho quase certeza. Mas, foi bacana pela experiência. Aprendi muito em 2007. Mais do que eu imaginava.

Me separei, voltei a morar com meus pais em Piçarras, depois voltei a morar com meu namorado/marido. Tive a sensação que vivi mais do que um ano.

Em 2008, trabalhei muito também. Fiz estágio na Assessoria da Fundação de Esportes de Itajaí, onde eu, uma completa sedentária caí de cabeça no esporte. Baita aprendizado. Eu que tinha meu trauma das aulas de educação física no colégio, por sempre ser a última a ser chamada para jogar qualquer coisa, consegui mudar meu olhar e ver que o esporte é fundamental para termos qualidade de vida. Aprendi que meus professores na escola eram uns babacas que sempre estimularam o rendimento, quando deveriam ensinar a gostar de esporte, para aí sim, encaminhar ao rendimento. Quem sabe eu não poderia ter sido uma nadadora promissora? Se eu tivesse natação nas escolas estaduais que estudei, quem sabe...

Neste mesmo ano fui repórter do jornal Diário do Litoral, o popular Diarinho. Um jornal ímpar e auto-intitulado: "O jornal mais quente do sul do mundo". Sem dúvida é um jornal polêmico por sua linguagem, estilo... Um jeito "peixeiro" de ser. Aprendi mais sobre redação jornalística do que em toda graduação. Sou ainda muito, muito insegura quanto ao meu texto, mas no Diarinho, ao contrário do que os professores diziam na faculdade, éramos estimulados a escrever algo fora do lead. Aquele primeiro parágrafo básico que responde às perguntas: por quê? Quando? Onde? Como? Quem? E o quê?

Foi bacana a experiência. Caí direto na editoria de polícia. Trabalhei seis meses no jornal. Vi gente morta (o que nunca é fácil de lidar), entrei em presídio, conheci policiais de todo tipo, dos mais gente boa até os mais idiotas, entrevistei patricinhas que bateram o carro, estelionatários, ladrões de galinha, gente que odiava o jornal, gente que amava o jornal. Apesar de difícil, acho que a editoria de polícia é fundamental para quem faz jornalismo, mesmo que o cara vá fazer cultura, o que eu curto muito mais. Em polícia a gente aprende a tentar entender nas entrelinhas as coisas que acontecem. A ler as realidades sem tentar perguntar tanto o óbvio, apesar de eu ter feito muitas perguntas óbvias. É estranho, é muito feeling, mas não sei como decifrar. Também não fui uma grande repórter policial. Mas, acho que o pouco tempo que passei no Diarinho foi uma grande escola. O jornal tem seus problemas, como todo lugar, mas foi um aprendizado gigante. Há grandes jornalistas lá e uma boa redação é sempre o melhor lugar para uma foca meio perdida que nem eu.

Nenhum comentário: