sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ainda sobre o diploma...

O Roberto Vieira, publicitário e radialista da Rádio Univali apresenta um contraponto interessante sobre a discussão do diploma. Embora eu acredite que formação universitária é importante sim para um bom jornalista, o Roberto apresenta muitas coisas que eu concordo e acho importante refletirmos.

Diploma para botar na parede
Texto publicado no blog Ressonância, em 16/06/09

Estou escrevendo sem saber o resultado da deliberação do STF sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Não sou jornalista, convivo com vários deles, e a cada vez mais me convenço da não-necessidade do diploma. A cada declaração dos favoráveis fico mais convicto de que se trata de uma questão meramente corporativa. Os favoráveis defendem sua posição dizendo que na academia se aprende ética, geografia, história, técnicas de redação. Ora, nada disso se aprende na faculdade. Ética se forma recebendo exemplos desde o berço. História, Geografia se aprendem lendo, recebendo informação. Quantos jornalistas formados leem mais de um livro por mês?


Os mais sinceros defendem a obrigatoriedade com uma justificativa bem parcial, o que, de pronto, já os coloca em uma contradição: como arguir baseado em “o que é que eu vou fazer com meu canudo? E o dinheiro que gastei?”


Jornalistas não abrem o peito de ninguém, não fazem pontes que podem matar milhares de pessoas, e eventuais falhas ou erros podem perfeitamente ser resolvidas dentro das práticas de mercado e dos procedimentos jurídicos. Não é o registro que evita que muitos jornalistas anti-éticos permaneçam por aí vendendo seus textos.


Sou radialista com registro na Delegacia Regional do Trabalho, o que em tese, deveria ser obrigatório para o exercício da minha profissão. Muitos colegas não tem o registro, o que não faz com que eles sejam piores do que eu. Sou publicitário formado. Entrei na faculdade querendo fazer um pouco do que Washington Olivetto fazia (ah, quanto arrependimento). Seu ingresso na publicidade aconteceu da seguinte forma: um pneu furou em frente a uma pequena agência. Ele entrou. Pediu um estágio. Conseguiu. O resto ficou por conta de sua criatividade e muita leitura. Há ótimos publicitários formados pelas faculdades.


Assim como há excelentes jornalistas formados pela vida. E vice-versa. Ou alguém duvida da competência de um José Hamilton Ribeiro, de um Elio Gaspari ou de um Ricardo Kotscho? Há muitos textos melhores do que os de Arnaldo Jabor ou Nelson Motta produzidos basicamente por aulas de jornalismo? Não creio.

Creio que os Sindicatos fariam mais pela categoria elaborando uma prova que separasse o joio do trigo, como a OAB faz. Quem tem conhecimento, competência, fica. Quem não tem, sinto. Se a faculdade foi boa, deve aprovar seus formandos. E o mercado já o trata com outros olhos, lhe dá preferência. Se não, que os aspirantes a jornalista saibam que dali, não sairá coelho. Ponto.


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